Ministros Aldo Rebelo e Lino Barañao discutiram caminhos da parceria bilateral
Os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Aldo Rebelo, e de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Lino Barañao, encontraram-se, nesta sexta-feira (21), a fim de trocar informações dos projetos bilaterais e planejar novos caminhos para a cooperação entre as Pastas.
“É uma alegria reavivar os fecundos e promissores laços de amizade e cooperação entre Brasil e Argentina”, disse Aldo. “Temos grandes realizações em ciência, tecnologia e inovação, com algumas iniciativas cobertas de êxito e outras que precisam ser retomadas, diante das exigências e necessidades atuais, além daquelas que podem ser iniciadas. As nossas relações são um destino da geografia, da natureza, da história, da cultura, das nossas origens ancestrais, que nós temos hoje a responsabilidade de conduzir e desenvolver.”
Barañao defendeu que Brasil e Argentina têm dois desafios necessários e complementares. “Um deles é entrar na economia do conhecimento, e isso tem como motivação não apenas a busca pela competitividade, até porque está provado que os países que se encontram em níveis avançados dentro da área distribuem melhor a riqueza”, apontou. “O outro desafio é agregar objetivos; temos que terclareza de que, em separado, nossos esforços têm limites.”
Caminhos
A diretora nacional de Relações Internacionais do Ministério argentino de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva (Mincyt), Agueda Menvielle, atualizou os dois lados acerca das ações em andamento na cooperação, particularmente no que se refere aos centros Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB), Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN) e Bilateral de Metrologia; e aos programas de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social, de Energias Novas e Renováveis, de Reuniões de Ciência, Tecnologia e Sociedade, de Tecnologias da Informação e Comunicação e de Terapia Celular (Probitec).
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Jailson de Andrade, informou que o CBAB, existente desde 1987, tem recursos assegurados para 2015 e 2016, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). “O que eu imagino é que uma iniciativa de quase 30 anos, certamente com grande sucesso, pode ser revisitada. E uma das prioridades neste momento é o uso de ciência e tecnologia para intensificar a produção de alimentos. Mas, para fazer isso, o nosso objetivo paralelo é minimizar o uso de água, terra, fertilizantes e agrotóxicos.”
A discussão incluiu, ainda, as parcerias espacial, nuclear e em luz sincrotron, por meio do gerente geral da empresa estatal argentina Invap, Héctor Otheguy, e dos presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Coelho, e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCTI), Angelo Padilha. Eles trataram do Satélite Argentino-Brasileiro de Informações Ambientais (Sabiá-Mar) e de possíveis contribuições do país vizinho na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e do acelerador Sirius.
Padilha comentou que os dois programas nucleares são contemporâneos, iniciados na década de 1950. “Eles têm o mesmo porte, um histórico de sucesso e o respeito internacional”, afirmou o presidente da Cnen, para quem as iniciativas são complementares. “Em determinas áreas, o Brasil se desenvolveu mais, e, em outras, a Argentina avançou, principalmente com a Invap. Tanto que estamos construindo reatores similares, o RA-10 e o RMB, que não são idênticos porque os dois programas têm objetivos diferentes.”
Propostas
O ministro argentino sugeriu que os dois países agreguem à lista de parcerias o Programa Ibero-Americano de Formação Interdisciplinar em Centros de Alto Nível, a Rede Bilateral em Neurociências, a cooperação em Teoria da Informação Quântica e o projeto Pampa Azul, voltado à pesquisa marinha.
Aldo avisou que o Brasil adquiriu recentemente o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira e, em seguida, relatou a Barañao que, na quinta-feira (20), o vice-ministro alemão de Educação e Pesquisa, Georg Schütte, sugeriu uma plataforma conjunta com o navio Sonne, inaugurado pelo país europeu com o objetivo de investigar águas marinhas do Hemisfério Sul. “Podemos partilhar equipamentos dos três países”, propôs o ministro.
Integraram a delegação estrangeira o embaixador da Argentina no Brasil, Luis María Kreckler, e o presidente do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), Roberto Salvarezza. O grupo já havia visitado o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), o CNPq e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Também participaram da audiência o subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa, Adalberto Fazzio, e os diretores de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, Douglas Falcão, e de Políticas e Programas Setoriais em Tecnologias da Informação e Comunicação do MCTI, Luanna Roncaratti; o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Leonel Perondi; o chefe substituto da Assessoria de Cooperação Internacional da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Júlio Medeiros; o diretor de Gestão e Tecnologia da Informação do CNPq, Luiz Alberto Barbosa; e o chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Manuel Montenegro da Cruz.
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