Laboratórios Nacionais do CNPEM reúnem comitês científicos para avaliar e propor melhorias aos seus programas de pesquisa, instalações e corpo técnico
Os quatro Laboratórios Nacionais que integram o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) reuniram simultaneamente seus comitês científicos no Campus da Instituição, dentre os dias 18 e 20 de agosto de 2015. Ao todo, 28 renomados profissionais de instituições de pesquisa e empresas do Brasil e do exterior participaram dos comitês dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncroton (LNLS), de Biociências (LNBio) de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Nanotecnologia (LNNano). Os comitês avaliaram e propuseram sugestões de melhorias aos programas de pesquisa, instalações, corpo técnico e outros assuntos ligados às atividades dos Laboratórios. Esta é a primeira vez na história da instituição que os quatro comitês se reúnem em uma agenda conjunta do CNPEM.
Um dos principais diferenciais dos comitês reunidos em Campinas-SP é o alto nível técnico e curricular dos comitentes. No LNBio, por exemplo, o comitê científico foi liderado por Sir Simon Fraser Campbell, coordenador das equipes de pesquisa que descobriram as drogas Viagra, Cardura e Norvac, desenvolvidas pela empresa Pfizer. Outro comitente do LNBio de destaque é Stephen Hill, docente no Departamento de Farmácia da Universidade de Nottingham. De acordo com o International Statistical Institute (ISI), ele é um dos melhores 250 pesquisadores individuais em farmacologia. Hill atuou no conselho editorial do British Journal of Pharmacology.
O comitê científico do LNBio exaltou a excelência do time de pesquisadores, inclusive dos jovens cientistas. O grupo internacional recomendou a dedicação de, ainda mais esforços, para a instauração da unidade de descoberta de drogas. Esta plataforma integrada se dedicará à investigação de moléculas bioativas, alvos terapêuticos e a atividades ligadas à química medicinal.
Já no LNLS, o comitê parabenizou o grupo de engenharia por ter redesenhado o acelerador principal do Sirius usando um novo modelo de encadeamento magnético, o que aumentou o número de ímãs em cada trecho da fonte (5-bend-achromat). “A nova rede magnética proposta teve sucesso em reduzir a emitância e aumentar significativamente o brilho da fonte de luz”, destacou Jean Susini, líder da Divisão de Serviços e Desenvolvimento em Instrumentação no síncrotrotron europeu ESRF. O novo desenho permitirá a realização, no Sirius, de uma nova classe de experimentos científicos que só podem ser feitos em síncrotrons de alta energia e coerência.
O comitê científico do LNLS foi composto por pesquisadores renomados como Andrew Peele, diretor do Síncrotron Australiano desde 2013. Peele foi líder do grupo de Ciências de Raios-X no Departamento de Física da Universidade de La Trobe. Outro comitente de destaque é José Antônio Brum, pesquisador titular do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto do Programa de Equipamentos Multiusuários da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Brum foi diretor-geral da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron entre 2001 e 2009 e possui experiência na área de Física de Semicondutores, com ênfase em nanoestruturas.
No CTBE, o comitê científico contou com nomes de peso como, Isaías de Carvalho Macedo e Bruce Dale. Macedo possui longa experiência junto ao setor produtivo de etanol e à academia. Ele foi superintendente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC/COPERSUCAR) e é pesquisador associado do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da UNICAMP. Já Bruce Dale foi selecionado pela Bioenergy Digest nos últimos quatro anos para integrar o ranking Top 100 People in Bioenergy. Ele possui cerca de 250 artigos científicos publicados e 42 patentes.
O comitê do CTBE elogiou a qualidade da estrutura física e formação de RH, assim como a reestruturação organizacional feita no início desse ano, que permitiu maior foco às pesquisas. Também destacou o fato de quase 50% do orçamento do Laboratório ser proveniente de fontes de recursos externas ao contrato de gestão com o Ministério da Ciência, Tecnologia e inovação (MCTI), muitas delas oriundas de projetos em parceria com empresas. “Isso é um indicador de que o CTBE tem feito a coisa certa”, comentou Alan Garside, consultor internacional sobre produtividade de cana.
O grupo também ressaltou a localização privilegiada do Laboratório, próximo ao maior polo brasileiro de produção de cana-de-açúcar e etanol. Na visão deles, é imprescindível trabalhar próximo à indústria, em assuntos ligados à primeira e à segunda geração de produção de etanol. “No atual estágio do CTBE, vocês precisam identificar os principais gargalos do setor e definir de forma mais direcionada como trabalhar para resolvê-los, com metas para os próximos anos, mostrando que são um forte aliado da cadeia sucroenergética”, enfatizou Manoel Teixeira Souza Júnior, Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia.
Por fim, o comitê científico do LNNano também ressaltou a qualidade da infraestrutura de pesquisa disponível nos laboratórios e da equipe de pesquisadores. Em particular, acharam a operação do Centro um desafio gigantesco, dado as enormes limitações de seu orçamento, quando comparado a iniciativas similares de outros países. Segundo eles, isso irá dificultar ter um impacto significativo na capacitação do Brasil nesta área.
O comitê do LNNano foi composto este ano por seis profissionais, coordenado por Brian Vincent, PhD pela Universidade de Bristol e membro internacional do Conselho Técnico Consultivo do Instituto de Pesquisas Ian Wark, na Austrália. Outro comitente presente foi Bharat Bushan, diretor do Laboratório de Nanossondas para Biotecnologia & Nanotecnologia e Biomimética (NLB2) da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA. Estudioso em áreas interdisciplinares de bio e nanotribologia, nanomecânica e nanomateriais, Bushan foi assessor da Câmara dos Deputatos dos EUA, entre 2013 e 2014.
No último dia das atividades de avaliação, dois comitentes de cada Laboratório Nacional, os diretores destes Laboratórios e o Diretor-Geral do CNPEM, Carlos Américo Pacheco, participaram de uma reunião de encerramento. Este encontro teve como principal objetivo a apresentação das avaliações dos Laboratórios, assim como a exibição de recomendações para o Centro, como um todo. Ainda nos próximos dias, os pareceres dos comitentes serão documentados em relatórios que deverão orientar as ações estratégicas do CNPEM e seus Laboratórios. Uma nova sessão de avaliação deve acontecer em cerca de dois anos.
O CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo Sirius, o novo acelerador brasileiro, de terceira geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da biociência, com foco em biotecnologia e descoberta e desenvolvimento de fármacos; o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país. Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.
(Ascom do CNPEM)
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